20 de Set, 2024
Apenas 50% das vagas para pessoas com deficiência estão preenchidas em MS
20 de Set, 2024

Em Mato Grosso do Sul, apenas metade das vagas para pessoas com deficiência (PcDs) estão preenchidas, apesar da obrigatoriedade legal de empresas com mais de cem empregados contratarem esses profissionais. Atualmente, o mercado formal de trabalho no estado emprega 3.208 PcDs, número que poderia chegar a 6.423 se as 449 empresas cumprissem integralmente a cota prevista pela Lei 8.213/91, conforme dados da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de MS.

O levantamento, feito em julho deste ano, também revela o perfil dos trabalhadores com deficiência no estado: a maioria, 1.497 pessoas, possui deficiência física, seguida de 703 com deficiência visual, 684 com deficiência auditiva, 298 com deficiência mental e 169 com deficiência intelectual. As áreas mais comuns de atuação desses profissionais são serviços administrativos (1.053), comércio (704) e produção de bens e serviços industriais (624).

Nacionalmente, a Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego mostra que, entre 2014 e 2021, houve um aumento de 37% no número de vínculos formais de trabalho para PcDs, subindo de 381.322 para 521.434. A média salarial desses profissionais no Brasil é de R$ 3.315, enquanto em Mato Grosso do Sul o valor é ligeiramente superior, alcançando R$ 3.620.

Crescimento nos processos trabalhistas

Nos últimos anos, o número de processos trabalhistas envolvendo pessoas com deficiência aumentou significativamente em Mato Grosso do Sul. Em 2023, as Varas do Trabalho do estado receberam 97 novos processos relacionados a PcDs, contra apenas 30 em 2013. Até o momento, já foram registradas 51 novas ações trabalhistas em 2024, de acordo com a Secretaria Judicial do Processo Eletrônico.

O Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região (TRT/MS) também promove a inclusão de PcDs em seus concursos públicos, com 28 servidores com deficiência atualmente trabalhando no órgão, além de um estagiário.

Relatos de superação

Célia Rodrigues Ferreira Nascimento é um exemplo de superação e determinação. Servidora do TRT/MS há 18 anos, ela nasceu com deficiência física e enfrentou diversos desafios para alcançar seus objetivos. “Quando você tem uma deficiência, já é uma barreira. Você tem que estar provando o tempo todo para as pessoas a sua capacidade, porque, queira ou não, sempre vai existir o preconceito”, afirma. Ela lembra emocionada o momento em que foi nomeada no concurso público: “Eu lembro até hoje e me emociono quando penso no momento em que recebi a ligação... ‘Célia, você vai ser nomeada, você precisa apresentar a sua documentação’. E acrescentou: ‘Você tem noção de que sua vida mudou?’”.

Hoje, Célia é casada, mãe de dois filhos, e deixa uma mensagem de encorajamento para outras pessoas com deficiência: “É preciso lutar pelos sonhos, pois a capacidade não depende da ausência de um membro, mas da sua força de vontade”.

Edroaldo Fernandes de Aquino, outro servidor do TRT/MS desde 2010, também tem uma história de superação. Vítima de poliomielite, ele superou as barreiras impostas pela deficiência física e hoje é responsável pela folha de pagamento do tribunal, que envolve mais de 900 pessoas. “A minha principal barreira foi a locomoção. E, das pessoas, às vezes sempre há uma desconfiança a mais. Eu sempre usei essa desconfiança como motivação para provar que eu posso e que essa questão não faz diferença”, diz Edroaldo.

Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência

O Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, celebrado em 21 de setembro, é uma data importante para conscientizar a sociedade sobre a capacidade das PcDs e a necessidade de inclusão. Além de promover a reflexão, a data busca garantir a visibilidade das questões enfrentadas por essas pessoas, reforçando a importância de políticas públicas que assegurem seus direitos e sua plena participação na vida social.

Da Redação

Foto: Assessoria




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