O professor-doutor de Educação Física Marcelo Ferreira Miranda tem um legado em Mato Grosso do Sul. Enquanto diretor-presidente da Fundesporte por quase oito anos, realizou jogos estudantis por todo o Estado, promoveu políticas públicas para o esporte, democratizando o acesso à prática desportiva, atendendo a expectativa da comunidade esportiva e fomentando atletas e paratletas.

Confira a entrevista exclusiva que ele concedeu ao site MS Norte:

MS Norte: Qual sua origem?

Na década de 1960 meus pais deixaram o conforto da cidade e, com uma visão empreendedora, montaram um “bolicho” de beira de estrada entre Maracaju e Jardim, o Mata Sede, basicamente foi ali que nasci. Minha mãe foi para Campo Grande apenas para o parto, dias depois voltamos para casa, aonde passei minha primeira infância maravilhosa junto com minha irmã e meu irmão. Só saímos de lá na idade escolar. Mudamos para Maracaju e depois para Campo Grande. Lá eles compraram a Padaria Espanhola, na rua 14 de Julho, e ficamos ali trabalhando em família. Posteriormente meu pai vendeu e montou a padaria Dico, que até hoje está na avenida Mato Grosso, e foi assim a minha primeira fase da vida, trabalhando em família e praticando muito esporte, meu pai sempre incentivou muito a gente.

MS Norte: Qual seu histórico com o esporte?

Treinei nas categorias de base do Operário, joguei muito handebol e resolvi fazer Educação Física com esse objetivo, de ser um técnico de handebol. Cursei Direito na Fucmat, fiz pós-graduação em Treinamento Esportivo, fiz mestrado na Unicamp, em Educação Física, e durante quase 30 anos fui professor universitário da UFMS e da UCDB. Só saí da UCDB quando o governador Reinaldo Azambuja me convidou para assumir a Fundesporte. Fiquei de 2015 até marco de 2022, quando fui convidado a assumir esse desafio dessa pré-candidatura.

MS Norte: Conte um pouco do que você fez à frente da Fundesporte.

Nesses quase oito anos de Fundesporte fico muito feliz de ter praticamente atingido quase na totalidade todos os projetos que nos propomos em 2015, quando assumimos a presidência. Quando o governador me convidou, junto do secretário Eduardo Riedel, estabeleceram vários desafios, como democratizar o acesso à prática desportiva, atender a expectativa da comunidade esportiva em todos os níveis e dimensões que o esporte proporciona.

Fizemos em 2015 um Fórum Estadual de Esporte em que possibilitou a gente fazer um diagnóstico das possibilidades e expectativas e foi muito produtivo. Ali a gente identificou que o esporte foi abandonado por muito tempo como política pública essencial e conseguimos pontuar diversos projetos que, ao longo desses quase 8 anos, foram gradativamente implantados. Eu destacaria o Prodesc (Programa MS Desporto Escolar), um dos maiores programas de iniciação esportiva do Brasil, presente em 75 das 79 cidades de MS. São mais de 1600 projetos em 24 modalidades esportivas que realmente democratizou o acesso à prática desportiva.

MS Norte: E o paradesporto? É notável o apoio que esse segmento tem tido em âmbito estadual.

O paradesporto sempre teve um carinho muito especial do governo. Hoje estamos entre os quatro melhores Estados com programas para o paradesporto. Temos dois campeões paraolímpicos que são bolsistas: o Fernando Rufino, da canoagem, e o Yeltsin, no Atletismo, e tenho certeza que na Olimpíada de Paris teremos gratas satisfações de atletas presentes na Olimpíadas.

Criamos o Bolsa Técnico, primeiro estado do Brasil que valoriza e reconhece esse profissional como protagonista da pratica desportiva, ampliamos o Bolsa Atleta, hoje temos mais de nove categorias, contemplando de forma específica o esporte universitário, o esporte escolar...

Criamos o Programa de Apoio às Federações, garantindo a participação de nossos atletas nos campeonatos nacionais, ajudando nossas federações a realizar os campeonatos estaduais, atendemos o esporte de forma muito ampla.

MS Norte: E houve algo mais específico à cultura sul-mato-grossense, em relação às nossas raízes?

Lançamos um programa para todas as comunidades indígenas, todas as prefeituras já receberam recursos para a contratação de professores, preferencialmente indígenas, para compra de material esportivo.

Apoiamos os esportes que fazem parte de nossa cultura regional, como o rodeio, o laço comprido, grandes referências do Estado, com apoio sistemático do governo. Fico muito feliz por ter contribuído em colocar o esporte de MS em uma nova dimensão.

Reformamos mais de 30 ginásios, construímos espaços esportivos, estamos prestes a inaugurar a pista oficial de atletismo de Ponta Porã. Estamos construindo também em Chapadão do Sul, descentralizando as ações e levando realmente esporte e qualidade de vida para todos os sul-mato-grossenses.

MS Norte: E como foi essa tomada de decisão de se lançar pré-candidato ao Legislativo Estadual?

Esse convite, sem dúvidas, foi um dos maiores desafios da minha vida. Particularmente, nunca tive pretensões politicas, mas o trabalho que a gente fez à frente da Fundesporte nos credenciou. Houve uma cobrança da própria classe de profissionais de Educação Física e da comunidade esportiva para que eu saísse candidato. E eu encarei o desafio.

Estou percorrendo todo o Estado, estou formando grupos, está sendo emocionante a receptividade não só do pessoal do esporte, mas do pessoal que acompanha minha trajetória profissional. Está sendo muito bacana. Eu não tinha a dimensão de tudo que a gente construiu nesses sete anos: sentir esse reconhecimento, várias pessoas vindo somar, estou muito animado.

Hoje o esporte de MS é uma referência em política públicas de esporte e qualidade de vida, coroando a gestão do governador Azambuja e do secretário Riedel que trouxe desenvolvimento econômico, logística, geração de emprego para o MS, mas também pensou em seu povo na questão cultural, esportiva e na qualidade de vida.