Por Fabio Pellegrini

A exibição da legendária novela Pantanal versão 2022 está mexendo com as expectativas e ânimos de empresários e gestores de turismo que operam e gerem negócios relacionados ao turismo na região.

A empresária e guia de turismo internacional Marcela Candioto, proprietária da operadora Dauras Turismo, de Limeira (SP), que desde 1990 opera no Pantanal, diz que sem dúvidas é a novela será um grande impulsionador do turismo no Pantanal: “Eu costumo dizer que sempre ‘surfei’ nas novelas da Globo. Levamos muitos grupos de turistas brasileiros à Índia (novela Caminho das Índias), Marrocos, Turquia. Sem duvidas será um grande momento para o Pantanal de MS e MT, espero que realmente possa contribuir”.

O presidente da Fundação de Turismo de MS, Bruno Wendling, em depoimento exclusivo ao site MS Norte, diz que certamente a novela irá contribuir para o Pantanal enquanto destino de natureza: “A imagem do Pantanal já é forte no cenário nacional e no internacional, mas agora, com a novela em destaque em uma emissora com grande alcance, tenho certeza que a visibilidade vai aumentar muito, e consequentemente a demanda de turistas para conhecer essa região belíssima”.

“Já temos campanhas e ações concomitantes à novela que iniciaram desde o ano passado e terão reforço este ano justamente para potencializar essa oportunidade  única do nosso destino ser muito mais conhecido para o público nacional especificamente, já que internacionalmente já é consolidado”, destaca Bruno.

Rita Jurgielewicz, proprietária da Baía das Pedras, típica pousada pantaneira localizada na Nhecolândia, uma das regiões mais belas do bioma, rica em vida selvagem, diz estar ansiosa, pois está ampliando o empreendimento para poder receber mais turistas. “A novela vai ajudar muito, pois vai mostrar o que é o Pantanal para muitos que ainda não sabem, além de aguçar a curiosidade das pessoas em conhecer e saber mais. E acredito que, consequentemente, que vai atrair mais turistas”.

A pantaneira Rita está ampliando sua pousada pantaneira Baía das Pedras para receber mais turistas. Foto: Fabio Pellegrini

Cultura pantaneira e economia criativa

Rita revela uma certa preocupação com a forma como a cultura pantaneira seja mostrada na tela: “Temos o Almir Sater no elenco, que é uma figura daqui, mas me preocupo que algumas tradições pantaneiras não sejam mostradas, como o ‘limpa banco’, por exemplo”, diz Rita, citando o exemplo das festas em fazendas em que a música tocada ao vivo tem o poder de animar as pessoas e tirá-las do banco, onde estão sentadas, para dançar.

Claudia Medeiros, consultora em Economia Criativa, pensa que a novela trará uma grande oportunidade, que caberá aos próprios empresários e gestores engajados com a causa saberem aproveitá-la da melhor maneira: “Haverá mais conhecimento sobre o Pantanal, as belezas naturais e a cultura, que é tão rica em sua história e símbolos”. Considero a cultura de uma comunidade o seu maior patrimônio, principalmente quando falamos de economia criativa. Porém, não basta apostar no marketing que teremos com a exibição da novela. Sabemos que é apenas uma ferramenta para ajudar o desenvolvimento da região, e que será necessário um esforço institucional e governamental para dar apoio aos empreendedores criativos; e pensar na novela como oportunidade para mostrar o que temos de melhor na cultura, na música, no artesanato, na gastronomia, de forma estratégica, pois o setor da Cultura e do Turismo foram os mais prejudicados na pandemia”.

Cecilia Almeida, quem ensinou atriz Dira Paes, que fará o papel da Filó, e a consultora Claudia Medeiros. Foto: Acervo Sapicuá Pantaneiro

Participação do Sebrae/MS no desenvolvimento da região

Claudia fala com convicção, pois teve a oportunidade de contribuir nos estudos do figurino durante a pré-produção desta edição da novela: “As faixas pantaneiras (também chamadas de faixas paraguaias) que serão exibidas na novela foram feitas por artesãs do Pantanal que aprenderam o ofício em oficinas do Ponto de Cultura Sapicuá Pantaneiro, em Rio Verde, que tiveram a parceria do Sebrae/MS e da Comunidade Kolping na realização.

O Sebrae/MS atualmente executa um programa com 12 empresas sediadas no Pantanal. O Pró Pantanal foi formatado pelo Sebrae nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e está em execução desde julho de 2021 para fomentar e apoiar ações específicas de recuperação econômica em regiões do bioma afetadas pelos incêndios ocorridos nos últimos dois anos.

Reunião do programa Pró Pantanal. Divulgação: Sebrae

Com parceria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o objetivo é estimular a economia criativa, a economia da biodiversidade e os empreendimentos existentes.

Tito Estanqueiro, diretor de operações do Sebrae/MS, reforça que o programa busca gerar recuperação econômica e abrir novas janelas de oportunidades no setor turístico.

“O Pró Pantanal tem um viés de cooperação econômica e na vertente do turismo temos uma grande oportunidade. É preciso usar esse bioma, de forma sustentável, para aproveitar todas essas oportunidades, de uma indústria que é limpa, que gera empregos e que pode reposicionar todo esse vasto território que pertence em 2/3 a Mato Grosso do Sul”, explica Tito.

Ele orienta aos empreendedores dessa região, engajados com o turismo, que fiquem atentos às oportunidades que o Sebrae oferece: “Estamos trabalhando em prol do turismo nesse programa para gerar mais emprego, renda e desenvolvimento para este vasto território. Você, empresário, chame para si a responsabilidade, e nos procure pois estamos prontos para lhe atender”.

Foto destaque: Fabio Pellegrini / Todos os direitos reservados.