Durante a sessão de segunda-feira (16) da Câmara Municipal de Coxim, os vereadores Abilio Vaneli (PT), Carlos Henrique (MDB), Marcinho Souza (PSB) e Marly Nogueira (PT) apresentaram uma moção de repúdio contra Devanir Pereira Júnior, diretor do Hospital Regional Álvaro Fontoura. O pedido foi votado e aprovado por 10 votos a 2 pelo Legislativo. Os únicos contra foram William Meira (PSBD), primeiro-secretário da Casa, e Wilmar Vendruscolo (PTB).

O motivo da moção é o fato de que Devanir teria impedido a vereadora Marly de participar de uma reunião na sede administrativa da unidade de saúde. O detalhe é que a parlamentar tem acompanhado o caso de várias mulheres que acusam o hospital de erro médico.

Ao declarar seu voto, Marly ponderou que sempre soube de mulheres sofrendo violência dentro da política, mas jamais imaginou sentir isso na pele como ela sentiu. Ela contou que no início se sentiu fragilizada, mas que depois entendeu a importância de seguir adiante ainda mais fortalecida.

“Foi uma violência velada, com cinismo, indiferença, desdenhosa e insignificância. Mas quero explicar porque estou passando por isso. Há três meses fui procurada por uma mulher que tinha sido vítima de erro em uma cirurgia no hospital. Hoje ela usa fralda, pois tem incontinência e está doente. Então começamos a procurar ajuda e foram surgindo outras mulheres. Uma está com a bexiga perfurada há sete meses, outra com a bexiga perfurada há seis meses e um dos casos mais emblemáticos, a  mulher está com o intestino perfurado há seis meses”, explicou a parlamentar.

Ao usar a fala, Abilio explicou que o diretor violou as prerrogativas da parlamentar, bem como, de forma indireta, atingiu também todos os demais vereadores. Abilio citou ainda que a saúde do município passa por uma crise e que a atitude expõe ainda mais os problemas da gestão.

"Recebemos quase diariamente reclamação de falta de medicamento nos postos, a saúde está em crise. Fico imaginando que se um vereador eleito pelo povo foi tratado, assim, como será que são tratadas aquelas pessoas humildes, que dependem daquela instituição e que precisam de acolhimento para tratar seus problemas de saúde", disse.

Os vereadores pontuaram ainda na nota que têm o direito de fiscalizar as atividades do hospital e não podem ser barrados. "Manifestamos repúdio a esta atitude por ferir as prerrogativas parlamentares, tendo em vista que é direito dos vereadores na circunscrição do município praticar todos os atos necessários ao exercício do mandato, participar de reuniões, ainda mais como convidados, como é o caso, e fiscalizar os atos do Poder Executivo, secretários e gestores públicos, inclusive de fundações e autarquias", lê-se na nota.

Os únicos a votarem contra a moção de repúdio, Meira e Wilmar apresentaram o mesmo argumento. Eles alegaram que não tinham conhecimento de todas as partes envolvidas no fato e que ainda nesta semana o diretor do Regional estaria na Câmara para se justificar. Por este motivo, alegando a obrigação regimental da casa em declarar o voto, optaram por votar contra.