O cargueiro KC-390 Millenium, adaptado para transportar 12 mil litros d'água, está sendo utilizado pela primeira vez em combates reais contra incêndios. A aeronave é um dos grandes trunfos no enfrentamento da maior seca dos últimos 70 anos no Pantanal.

Pesando 52 toneladas, com capacidade de chegar até 87 toneladas, o KC-390 da Força Aérea Brasileira (FAB) mede 35 metros de comprimento, 34 metros de envergadura e 12 metros de altura. Já acumula mais de 33 horas de voo e despejou 334 mil litros de água nos incêndios do bioma.

Piscinas com 24 mil litros cada são usadas para abastecer a aeronave, cuja capacidade de água é quatro vezes maior que a dos air tractors, também empregados no combate às chamas. A ajuda aérea complementa o trabalho dos bombeiros militares em solo. "Como a quantidade de água é grande, é fundamental para o pessoal em solo que está fazendo o combate direto ao fogo", explica o capitão Douglas Leonardo Marciano, comandante da aeronave. Após despejar a água sobre as chamas, os bombeiros concluem o trabalho com abafadores e outros equipamentos.

Em solo, a Operação Pantanal 2024 em Mato Grosso do Sul conta com cinco caminhões de combate a incêndio, 10 caminhonetes do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul e 24 caminhonetes da Força Nacional de Segurança Pública, todas equipadas com kits de combate a incêndio, mochilas costais, sopradores e equipamentos de proteção individual.

Desde abril, quase mil homens e mulheres foram mobilizados para o combate às chamas no Estado, sendo mais da metade do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul. A operação também conta com o apoio de 80 militares da Força Nacional, além de militares das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica), da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul e 233 agentes de Ibama, ICMBio e brigadistas do PrevFogo.

Aeronave Brasileira

O KC-390 é uma aeronave brasileira, fabricada pela Embraer, e exportada para diversos países, como Portugal, Holanda, Hungria, Áustria e República Tcheca. Substituindo o antigo C-130 Hércules, é considerada uma opção moderna e robusta.

Para combater os incêndios no Pantanal, o cargueiro só levanta voo após aeronaves menores sobrevoarem a área atingida. "Normalmente pela manhã, uma aeronave menor faz o reconhecimento. Ela avalia a área e vê os principais focos de incêndio. Aí, somos autorizados pelo comando conjunto, recebemos um ponto e usamos o Maffs, um sistema modular que montamos e desmontamos na aeronave quantas vezes forem necessárias", explica o capitão Leonardo.

O Maffs (Sistema Modular Aerotransportado de Combate a Incêndio) transforma o cargueiro em uma aeronave preparada para a guerra contra o fogo. O equipamento projeta a água pela porta lateral, mantendo o interior da aeronave pressurizado, sem comprometer sua performance.

Operação e Tripulação

A aeronave é operada por seis tripulantes: dois pilotos, uma mecânica de voo e três mestres de cargas. Eles vieram de Anápolis (GO) a Corumbá. No cockpit, ficam os pilotos e a mecânica de voo, Monalisa Alves Tabaco, responsável pela preparação técnica e monitoramento da aeronave. "Fazemos todo um pré-voo antes do voo em si. Verificamos as condições da aeronave no solo, administramos o combustível e todos os sistemas do avião. Quando estamos em condições de voar, os pilotos assumem as posições e eu monitoro os sistemas durante o voo", explica Monalisa.

Os mestres de cargas controlam o lançamento de água, podendo ajustar a quantidade e a vazão conforme o tamanho do incêndio. Após despejar o líquido, a aeronave ganha velocidade, já que são 12 toneladas a menos. De acordo com o Tenente-Coronel Matheus Cunha, da FAB, é a melhor aeronave para esse tipo de combate em uso no Brasil.

Além do KC-390 Millenium, outras 12 aeronaves estão sendo utilizadas nos combates aos incêndios em Mato Grosso do Sul, incluindo air tractors e helicópteros Harpia, Pantera e Cougar.

Da Redação

Foto: Assessoria