03 de Jul, 2024
Imasul e UEMS Coxim realizam expedição à APA Rio Cênico Rotas Monçoeiras
02 de Dez, 2022

Por Fabio Pellegrini (colaborador)

 

Com o objetivo de conhecerem a Área de Proteção Ambiental (APA) Rio Cênico Rotas Monçoeiras, de forma a viabilizar a produção de conhecimento científico na forma de pesquisas, TCCs e artigos, um grupo de estudantes e professores dos cursos de Ciências Biológicas e Gestão Ambiental da UEMS Coxim participou de uma expedição técnica à unidade de conservação, em companhia de uma equipe do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), nos dias 26 e 27 de novembro.

 

A APA Rio Cênico Rotas Monçoeiras está localizada ao norte do estado de Mato Grosso do Sul, na bacia hidrográfica do Alto Paraguai, abrangendo uma área de pouco mais 15.440 hectares, englobando parte do rio Coxim e seu entorno, integrando os municípios de Camapuã, Coxim, Rio Verde de Mato Grosso e São Gabriel do Oeste.

 

 

 

Essa Unidade de Conservação (UC), além de preservar expressiva diversidade de paisagens e formas de vida aquáticas e terrestres, resguarda em paredões de rocha em suas margens e leito, importantes registros arqueológicos e de períodos da História do Brasil entre os séculos XVII e XVIII.

 

No total, um grupo de 37 pessoas viajaram, com experientes guias fluviais, por meio da South Pantanal Tours, que realiza expedições turísticas na região há mais de 20 anos. Uma equipe da TV Educativa, professores do IFMS Coxim e um observador de uma operadora de turismo internacional também acompanharam a expedição.

 

 

 

O grupo saiu de Coxim de ônibus na madrugada de sábado rumo à ponte da Matinha, em São Gabriel do Oeste, aonde embarcou e iniciou a navegação no rio Coxim. Logo abaixo, à jusante, foi realizada a transposição do Travessão do Jaú, trecho encachoeirado em que os passageiros devem seguir por trilha na mata enquanto os guias fluviais fazem a passagem segura dos barcos com cordas em meio à correnteza.

 

A navegação no rio Coxim exige conhecimentos específicos da região pois é rochoso e encaixado, bem estreito, apresentando variação da profundidade dos canais, além de árvores e sedimentos que são arrastados para o leito quando ocorrem fortes chuvas.

 

 

 

Mais do que um passeio, uma aula de campo rica em conhecimento

 

Ao longo do trajeto, o grupo parou para avaliar a beleza cênica e aspectos da biodiversidade, assim como ouvia atentamente explanações dos guias José Francisco de Paula Filho e do turismólogo Ariel Albrecht sobre fatos históricos ocorridos durante  as Bandeiras e o Ciclo das Monções, períodos da história do Brasil que tiveram passagens pela região, além de conhecer um pouco do meio de vida dos ribeirinhos da atualidade, como o casal Aristides e Cleomar, próximo à barra do São Domingos.

 

O grupo se hospedou no distrito de Jauru, em Coxim, no entorno da APA, e no domingo retomou as atividades conhecendo iniciativas locais de turismo de base comunitária, que vem sendo uma alterativa à renda dos ribeirinhos e proprietários rurais da região dos rios Jauru e Coxim, como o senhor Edilson.

 

 

 

Para os professores Evandro Oliveira e Evaldo Benedito Souza, dos cursos de Gestão Ambiental e Ciências Biológicas da UEMS unidade Coxim, a expedição técnica Rota das Monções propiciou aos alunos uma conexão com a sua área de atuação, com as comunidades locais que ali residem, permitindo que compreendam a dinâmica entre ecologia e comunidades tradicionais.

 

“A visita ofereceu também um melhor entendimento do que é uma unidade de conservação e suas implicações, a vivência na prática do ecoturismo e o turismo de base comunitária. Por último, vale enfatizar que qualquer aula de campo é de extrema importância aos alunos. No entanto, poucas visitas proporcionam tantas experiências diferenciadas aos alunos como a Rota das Monções, pois além de propiciar uma experiência profissional, oferece também, contato com saberes e culturas locais, história da região, fauna, flora e práticas de ecoturismo. Em suma, foi uma experiência enriquecedora para futuros Biólogos e Gestores Ambientais”, relatou Evandro. 

 

 

 

Demandas também para o Estado visando desenvolvimento sustentável

 

Para a fiscal ambiental Flavia Neri, do Imasul, além de conhecer a unidade de conservação, a iniciativa serviu também para identificar e reconhecer o potencial da APA Rio Cênico para promover o desenvolvimento local e regional das comunidades envolvidas.

 

Flavia, que também é turismóloga, especialista em gestão do Turismo e mestre em Geografia, relatou sobre demandas observadas: “Percebemos muitas oportunidades para a implementação de políticas públicas efetivas de saúde, educação, meio ambiente, infraestrutura, a partir da APA. Além disso, promover o intercâmbio acadêmico, aliado aos interesses e demandas da unidade, possibilita uma maior profissionalização acadêmica e permite que os acadêmicos possam ser protagonistas, com visão sistêmica, de ações no território da UC e atendendo aos objetivos propostos no Plano de Manejo da unidade”.

 

 

Hoje as principais ameaças à APA são o manejo irregular do solo e de pesticidas agrícolas, a invasão de espécies exóticas, a pressão do setor elétrico por meio da instalação de Pequenas Centrais Hidrelétricas, a caça, a pesca predatória e a degradação de hábitats.

 

Artigos, pesquisas e TCCs, poderão ser desenvolvidos com relação a fauna e flora da APA do Rio Cênico Rotas Monçoeiras, tendo em vista que os aspectos faunístico, florístico e ecológicos estão entre os pilares que sustentam os objetivos de estabelecimento da APA, e a atuação de acadêmicos e professores nessa linha vem de encontro a necessidade de aperfeiçoar e atualizar os conhecimentos acerca desses aspectos na APA, com vistas a melhorar o entendimento acerca dos processos e funções ecossistêmicas dessas região.

 




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