08 de Jul, 2024
A nobre missão de vacinar os pantaneiros do Paiaguás
03 de Set, 2021

Por Fabio Pellegrini

 

Coxim (MS) - Há mais de 20 anos um grupo de servidores públicos e voluntários realiza – anualmente – um serviço louvável que demanda esforço, dedicação e amor ao próximo: realizar a vacinação de pessoas, cães e gatos nas comunidades pantaneiras do Paiaguás.

 

Quem conhece o Pantanal sabe. E quem não, nem imagina: a logística na região nunca é fácil, seja na época da cheia ou da estiagem.  O acesso só é possível com picapes com tração nas quatro rodas, com motoristas experientes e conhecedores da rota.

O Paiaguás fica entre os rios Taquari e Piquiri, envolvendo parte dos municípios de Coxim e de Corumbá. É uma das sub-regiões menos estruturadas de todo o Pantanal (considerando MS e MT) por não haver rodovias e pelo fato dos rios Taquari e Piquiri não comportarem grandes embarcações ao longo dos doze meses.

 

Ao findar de julho deste ano, partiram de Coxim a técnica em enfermagem Lucimara Mourão, a auxiliar administrativa Aline Santana, o agente de vigilância epidemiológica Marcilio Centurion, e o voluntário Zorildo Souza.

A picape 4x4 da Secretaria Municipal de Saúde foi carregada “até a tampa”. Além das malas de roupas para 20 dias de inverno, alimentos, barracas, mantimentos, equipamentos para emergências e primeiros socorros, e muitas caixas térmicas com vacinas.

 

A expedição leva o nome de Lino Lemes, técnico da Vigilância Sanitária da Prefeitura de Coxim que também cumpria a nobre missão, mas faleceu há quase cinco anos.

 

O objetivo, além de atualizar a caderneta de vacinação de crianças, adultos, gestantes e idosos, é também levar a tão esperada vacina contra a covid para os trabalhadores rurais e suas famílias, que esporadicamente vão para as cidades.

Foram mais de 2 mil quilômetros com paradas em fazendas e retiros. No total foram aplicadas 322 doses de vacina contra a covid, 36 doses vacinas de rotina contra febre amarela, hepatite, poliomielite, entre outras doenças, além de 600 doses de anti-rábica em cães e gatos.

 

 

Além das aplicações, os técnicos fazem orientações sobre doença de chagas, leishmaniose, entre outras enfermidades que podem acometer a população rural e até atendimento emergencial a pequenas emergências, como um trabalhador que se feriu com uma foice.

"Devido às dificuldades de acesso, essas famílias ficam muito tempo sem ir à cidade para fazer atendimento médico, tomar vacinas, então sempre que vamos somos muito bem recebidos. Dessa vez atolamos apenas uma vez mas foram duas horas para desatolar em pleno sol de meio-dia", conta Marcilio.

 

Lucimara conta que segue os passos da mãe, Abadia: “A campanha no Pantanal começou com minha mãe e demais colegas, no tempo da antiga Funasa. Eles faziam em média uma semana nas fazendas mais próximas de Coxim. Quando eu e o Marcilio começamos, estendemos este atendimento e fomos adequando. Hoje temos uma fazenda de apoio onde deixamos gelo e combustível para não parar nosso trabalho. É um trabalho que nossa equipe cumpre com grata satisfação, cuidando da saúde dos pantaneiros".

 

 

 

Desde 1973, quando foi criado, o Programa Nacional de Imunização (PNI) busca cada vez mais ampliar seu raio de ação, com o objetivo de normatizar a imunização em nível nacional. Essa dinâmica faz parte das iniciativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) e recebe apoio técnico do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

 

Oportunizar as vacinas a essas pessoas é um ato de nobreza. Não só pela vacina, mas pela continuidade das políticas públicas de saúde em âmbito mundial, contribuindo para a erradicação e controle de doenças transmissíveis.




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