20 de Set, 2024
Denúncia de agressão a jogadores do CAC detona credibilidade e expõe crise do futebol em Coxim
07 de Mar, 2024

Um boletim de ocorrência de lesão corporal registrado por um dos jogadores do CAC (Coxim Atlético Clube), contra os próprios colegas e um integrante da comissão técnica, expõe a crise do futebol coxinense que se arrasta por anos, com problemas ligados a atrasos nos pagamentos, irregularidades em termos de fomento junto à prefeitura e até mesmo suspeita de manipulação de resultado e desvios de recursos públicos.

Conforme apurado pelo MS Norte, um dos jogadores procurou a Polícia Civil nesta semana relatando que ele e um colega, também jogador, foram agredidos por um integrante da comissão técnica e mais dois jogadores no rancho Liderança, onde está localizado o alojamento dos atletas. A vítima disse que chegou a ser segurada por jogadores para que fosse golpeada.

Toda a confusão teria iniciado por motivos de dispensa dos dois jogadores que foram agredidos. O jornalista Thiago Lopes de Faria, da crônica esportiva especializada de Mato Grosso do Sul, divulgou que as versões das partes envolvidas divergem. Ele disse que o treinador do Time, Tiago Lopes, negou a agressão e disse que os jogadores que se dizem vítimas teriam sido dispensados há dias.

Ainda conforme o cronista, o presidente da equipe, Antônio Júnior, teria citado uma briga e bebedeira após a vitória sobre o Náutico por 3 a 1 no final de semana, em Campo Grande, e disparou até mesmo contra o ex-secretário municipal de Desenvolvimento Sustentável de Coxim, Sérgio Alexandre, o Serginho Bombeiro. Este, por sua vez, teria rebatido, criticando a presidência do clube.

O fato é que, independentemente das alegações, o ambiente do CAC não parece saudável, mesmo o time estando classificado de forma antecipada para a próxima fase. Isso ocorre porque são recorrentes os problemas com pagamento de aluguel de alojamento, atrasos na conta de luz e até mesmo falta de refeição para os jogadores, isso sem mencionar atrasos também no pagamento dos atletas.

Polêmicas

O torcedor do CAC "não tem um dia de paz", mesmo com a equipe mostrando empenho dentro de campo. No ano passado, por exemplo, vieram à tona possíveis irregularidades em contratos de fomento firmados entre o município de Coxim, por meio da Secretaria Desenvolvimento Sustentável, e o CAC (Coxim Atlético Clube), visando a participação no Campeonato Estadual de Futebol. Conforme divulgado, uma empresa associada à mãe do então secretário Serginho teria sido contratada por quantias significativas de recursos públicos.

Em um dos contratos, foi descoberto que uma empresa em nome de Lindinalva Alexandre dos Santos, mãe de Sérgio, recebeu R$ 10.400 da Liga Esportiva Coxinense por serviços de segurança/brigadista durante os jogos do Campeonato Amador em 2022. Além disso, João Carlos José da Silva, irmão do secretário, aparece como responsável técnico em outro contrato de fomento no valor de R$ 60 mil, assinado pela Liga Esportiva Coxinense com a prefeitura.

Chama a atenção o fato de que logo após o CAC receber um depósito de R$ 20 mil do município, R$ 15 mil foram transferidos para a empresa de propriedade da mãe do secretário de Desenvolvimento, Sergio Alexandre. Os parlamentares sustentam que "há uma proibição expressa contida no Art. 39, II da Lei 13.019/2014, combinada com o art. 22, II do Decreto 125/2018 (revogado), e o art. 26, I, alíneas 'a' e 'b' do Decreto 043/2023, que proíbe convênios com entidades que tenham parentesco com administradores ou que contratem parentes de autoridades para serviços”.

Os vereadores Abilio Vaneli, Carlos Henrique, Marcinho Souza e Professora Marly Nogueira apresentaram estudo sobre o caso e encaminharam a documentação ao Ministério Público para uma investigação mais aprofundada.

Foi descoberto ainda que uma nota fiscal do valor de R$ 15 mil contraria alegações dadas pelo secretário, que negou ter ligações com a empresa da mãe. No documento fiscal, o email pessoal dele aparece como canal de contato da empresa de Lindinalva, que prestou ao CAC serviços de arbitragem ao clube durante o Campeonato Estadual de 2023.

O detalhe é que Serginho Bombeiro, como também é conhecido Sérgio Alexandre, já foi árbitro filiado à FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul) inclusive chegando a apitar jogos do campeonato brasileiro da série B. Ele foi exonerado do cargo de secretário em agosto de 2022 e voltou às atividades junto ao Corpo de Bombeiros.

Além disso, em 2022 o CAC foi eliminado ainda na primeira fase do Campeonato Estadual e um dos jogadores denunciou possível manipulação de resultado. O caso foi encaminhado ao Tribunal de Justiça Desportiva para uma investigação que resultou na suspensão de dirigentes à época. O fato manchou  o que restava da credibilidade da gestão do clube.

Da Redação

Foto: Luciano Siqueira/AA Portuguesa

 



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